O desembarque dos primeiros africanos na terra que mais tarde se
chamaria Brasil aconteceu no contexto da expansão comercial europeia ao longo
dos séculos XV e XVI. Os europeus conseguiram abrir novas rotas marítimas e
entrar em contato com povos e regiões até então desconhecidas. Foi assim que os
portugueses chegaram ao Brasil, em 1500. O contato com populações nativas foi
se intensificando, e em meados do século XVI, já estava em formação
uma grande rede ligando a Europa, as Américas e a África.
O interesse que movia os portugueses era comercial, mas ao lado disso
trocas culturais também ocorreram.
Na África os portugueses encontraram reinos poderosos, cidades e redes
comerciais. Nessas rotas de comércio, os portugueses aproveitaram para vender produtos
da Europa e adquirir dos africanos produtos diversos, como ouro, marfim, couro,
especiarias e escravos. Antes da chegada deles já havia um comércio de
escravos na África, mas esse comércio modificou-se bastante. Naquela época,
havia uma crescente demanda por mão de obra para trabalhar nas Américas. Assim,
o tráfico de gente passou a ser o negócio mais lucrativo da África.
Calcula-se que, entre o século XVI e meados do século XIX, mais de 11
milhões de homens, mulheres e crianças africanas foram transportados para as
Américas como escravos. A maioria desembarcou em portos brasileiros (cerca de 4
milhões). Assim, nenhuma outra região americana esteve tão ligada
comercialmente e culturalmente à África como esse país.
A migração transatlântica forçada foi a principal fonte de renovação da
população cativa no Brasil, especialmente nas áreas ligadas à agricultura de
exportação, como cana-de-açúcar. Diante das péssimas condições de vida e
maus-tratos, a população escrava não crescia numa proporção menor que a
população livre. Além dos que morriam, o tráfico funcionava para substituir os
que conseguiam a alforria ou fugiam para os quilombos. Assim, havia necessidade
constante de buscar mais africanos para trabalhar nos engenhos e nas minas.
Os europeus apresentavam justificativas religiosas e a ideia de que os
africanos precisavam ser civilizados para justificar o tráfico negreiro. Na
verdade, o tráfico fazia parte de uma grande cruzada contra os povos não
católicas da África, mas antes de tudo era um grande negócio que movimentava
riqueza nas duas margens do Atlântico.
A TRAVESSIA ATLÂNTICA
Calcula-se que entres o século XVI e meados do século XIX, mas de 11
milhões pessoas foram levadas para as Américas como escravos. E desde esse
momento, haveria uma ligação eterna entre o Brasil e África. As travessias
entre a África e o Brasil eram longas, cansativas e totalmente desumanas, onde
os escravos por vezes não resistiam e morriam por doenças, fome, sede, infecção
e maus tratos, e nesse estado de calamidade os escravos permaneciam de dias até
meses a espera que toda aquela carga chegasse ao seu destino final. E para
melhor diferenciação de escravos por donos, eles eram cruelmente marcados com
ferro quente no peito ou nas costas. Além da má alimentação os escravos eram
acorrentados em um pequeno espaço com mais de 300 pessoas. Tratados como
mercadoria, após a sua chegada os escravos eram expostos e vendidos nas cidades
brasileiras, e dali eram distribuídos para as regiões mais distantes do litoral.
Muitos africanos morriam antes mesmo de deixarem o solo
africano, devido às péssimas condições às quais eram expostos. Completado o
número de escravos a serem transportados, os africanos eram levados para os
navios negreiros onde eram submetidos a maus-tratos. As condições das
embarcações eram precárias: para garantir alta rentabilidade, os capitães só
zarpavam da África com número máximo de passageiros. Muitas vezes, aumentar o número
de cativos implicava diminuir a quantidade de víveres disponível para cada um.
No interior dos navios negreiros, mudanças culturais
significativas começavam a ocorrer. Ao longo da angustiante travessia, os
cativos estabeleciam laços de amizade que geravam profunda solidariedade e
verdadeiras obrigações de ajuda mútua. O tráfico terminou colocando em contato
povos de diversos lugares da África, com culturas diferentes. Daí se
dizer que a África foi também redescoberta no Brasil pelos africanos. Ao
desembarcarem em portos do Brasil, os africanos eram expostos à venda nos
mercados das grandes cidades brasileiras e dali eram redistribuídos para
regiões mais distantes do litoral. Ao chegar às fazendas e entrar em contato
com pessoas de diversas partes da África e com gente nascida no Brasil, eles
percebiam que para sobreviver seria preciso criar vínculos de amizade tanto com
outros africanos como os brasileiros. Nesse contato influenciavam profundamente
as formas de viver e sentir das populações locais.
AS MUITAS ÁFRICAS QUE VIERAM PARA O BRASIL
O
tráfico transatlântico promoveu o povoamento do Brasil com gente vinda de
várias regiões do continente africano. A metrópole portuguesa adotou a política
de misturar escravos de diferentes lugares e povos africanos para impedir
revoltas, que se gerariam a partir da concentração de negros da mesma origem na
colônia. A origem dos africanos traficados dependia das conexões
comerciais mantidas pelos traficantes portugueses, brasileiros e africanos.
No
século XVI, os escravos trazidos para o Brasil vinham da região da Guiné. Mas,
no decorrer daquele século até a primeira metade do século XVIII, os chefes
políticos e mercadores da África Centro-Ocidental, em particular do
território que hoje é ocupado por Angola, forneceram a maior parte
dos escravos utilizados em todas as regiões do Brasil. Depois de 1815, quando
os ingleses intensificaram seus esforços para acabar com o tráfico
transatlântico, os traficantes do Rio de Janeiro concentraram suas operações na
costa oriental.
O
fato de morar numa mesma região, falar a mesma língua e pertencer a uma mesma
nação foi fundamental para a sobrevivência de africanos no Brasil. Porém, isso
não impediu que africanos vindos de lugares diferentes na África se
relacionassem e criassem novas alianças. As adversidades da escravidão muitas
vezes favoreceram a união de povos divididos na África por antigas rivalidades.
A multiplicidade de povos com línguas e crenças diferentes fez do Brasil um
espaço privilegiado de convergência de tradições africanas diversas que ainda
hoje continuam.
O POVOAMENTO DO BRASIL ATRAVÉS DO
TRÁFICO
Enquanto
o tráfico de escravos continuava, as áreas importadoras do Brasil, cada vez
mais recebiam mais escravos vindos da Angola. Normalmente, os traficantes
subdividiam os africanos que chegavam ao Brasil de acordo com o porto de onde
tinham sido embarcados na África. Pelo fato de passarem a morar numa mesma
região, falar a mesma língua, mesmo sendo de diferentes lugares da África, foi
fundamental os escravos poderem reconstruir todos os seus laços de amizades,
famílias e comunidades.
Os
muitos povos, as muitas colônias, as muitas culturas, religiões e idiomas foram
se misturando e criando uma nova cultura que ligaria as varias partes da África
em uma só totalmente concentrada no Brasil. E daí começou o povoamento do
Brasil, e houve assim uma mistura que viria a se chamar depois de longos anos
de cultura Afro-brasileira, pois, como dizia o padre Antônio Vieira, “quem diz
açúcar, diz Brasil e quem diz Brasil diz Angola’’”.
A
colonização do Brasil, não foi só uma obra dos portugueses, mas, sem a
participação dos africanos, os portugueses não iriam conseguir, além de
Portugal não ser um país não muito grande, naquela época a população de
Portugal não era suficiente para ocupar a colônia. E pela importação em
massa de escravos, com isso os portugueses conseguiram defender e proteger de
outras colônias, pois, saberiam que lá iriam achar matéria prima e especiarias.
Todo
o trabalho árduo quem fez foi os índios ali escravizados e os escravos
africanos, que ergueram cidades e portos, conheciam e conduziam os seus
colonizadores há áreas desconhecidas. O tráfico não foi feito somente para
escravizar africanos com a intenção de explorar as riquezas do Brasil, mas
também africanizou e mudou toda a história do Brasil.
GRUPO:
Maria Manuela
Igor Radel
Nina Bahia
Matheus Valejo
Arthur Martinez